No âmbito da disciplina de Psicologia B e com o intuito de percebermos como trabalham os psicólogos clínicos, entrevistámos duas psicólogas da nossa escola, a Cecília e a Nélia, que se mostraram disponíveis para nos receber e responder a algumas das nossas perguntas.
A Nélia é psicóloga clínica e a Cecília está a exercer psicologia educacional, porém, tem também um mestrado em psicologia clínica.

O que é, para si, ser psicóloga?

Cecília Almeida: É estar constantemente a ajudar os outros, a gerir conflitos, a articular com as famílias, mas é, acima de tudo, contribuir para o desenvolvimento humano de forma equilibrada.

Porque escolheu esta profissão?

CA: Foi sempre a minha primeira opção.

Como aborda um paciente?

CA: A abordagem é sempre de forma direta com o objetivo de estabelecer a relação terapêutica, porque todo o processo de intervenção e o seu sucesso está fundamentado no estabelecimento de uma relação terapêutica eficaz.

Técnicas ou métodos?

CA: As metodologias ou perspetivas são utilizadas dependendo do diagnóstico da problemática. Poderão ser implementadas perspetivas cognitivas comportamentais, perspetivas dinâmicas e a psicoterapia.


Em que universidade tirou o curso?

Nélia Afonso: Na Lusófona.

Em que áreas pode exercer a sua profissão?

NA: Escolas, empresas , hospitais, clinicas privadas…

Porquê a psicologia clinica?

NA: Sempre quis perceber-me e compreender como sou. Algo que sempre disse foi “se tenho que viver para sempre comigo própria tenho que me compreender”. É excelente o contacto que temos com pessoas e poder ajudá-las é uma grande recompensa por todo o trabalho desenvolvido.

Como faz para que o paciente se sinta confortável numa primeira consulta?

NA: Todos os pormenores são importantes. A disposição da sala é a primeira coisa a ter em conta. A maneira como os móveis estão organizados de modo a dar um ar acolhedor. O mais importante é o paciente saber que estou a tomar atenção a tudo o que ele me diz e o facto de ir dizendo “hum hum”, de vez em quando, é necessário. Temos de conseguir que o paciente confie em nós.

Qual o caso que mais a marcou, o mais complicado do seu ponto de vista?

NA: A meu ver todos os casos são complicados porque, quando as pessoas vêm ter comigo, o seu problema, naquele momento, é o pior que lhes poderia acontecer. Os casos assim mais complicados são aqueles que levam a depressões profundas que exigem uma colaboração entre psicólogo, psiquiatra e família. Em muitos dos casos, são pessoas com muitos problemas que podem levar a situações muito complicadas.

É difícil deixar as suas emoções de lado quando está a acompanhar um paciente?

NA: Sim, muito. Há sempre casos mais complicados e outros com os quais nos identificamos mas temos que saber pôr essas coisas de lado e sermos fortes psicologicamente. As pessoas vão à procura de ajuda e não podemos mostrar-nos vulneráveis ao que elas nos contam. Temos de ser um suporte emocional que elas necessitam. Daí que todos os psicólogos quando acabam o curso devam fazer um ano de psicoterapia, de modo a resolver todos os pequenos problemas que se foram acumulando ao longo dos anos.

É fácil manter o sigilo profissional?

NA: É algo a que nos comprometemos e não podemos quebrar.

Em caso algum?

NA: A menos que se trate de algum crime.

E com os jovens? O sigilo mantém-se ou é “obrigada” a falar com os pais?

NA: Desde que o jovem não esteja a ponderar pôr em causa a sua vida ou a de outro, o sigilo está sempre presente. Se o jovem não quiser falar com os pais sobre o assunto temos que respeitar. Só em casos mais complicados é que podemos contar alguma coisa, caso contrário o sigilo tem que ser sempre respeitado.

E a nível de métodos?

NA: Cada caso é um caso e cada paciente é um paciente. O que funciona com um nem sempre funciona com outro. É necessário adaptar os métodos e técnicas ao paciente e ir adaptando-os ao longo do tempo.

Quais são as principais dificuldades no exercício desta profissão em Portugal? As pessoas dizem “os psicólogos são para os malucos”. Acha que esta ideia se mantém?

NA: Felizmente, as coisas melhoraram bastante nos últimos tempos. As pessoas já vêm os psicólogos como alguém que ajuda e já não têm aquela “vergonha” de ir ter com um psicólogo pedir ajuda. Continua a haver essa ideia mas, felizmente, tem vindo a alterar-se.

Existe uma política de saúde mental em Portugal ?

NA: Agora, com a Ordem dos Psicólogos, as coisas melhoraram um pouco mas continua mau. Devido também à crise e à falta de emprego, principalmente na área clínica, as pessoas são obrigadas a emigrar, caso queiram trabalhar nesta área. Em Portugal, as coisas ainda estão complicadas a nível da política de saúde mental, mas espero que melhorem. O próprio sindicato já veio contribuir para isso, pelo menos era o suposto.

Patrícia João e Gonçalo Lourenço (12ºE)
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